quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Se quiser ler, compre o jornal amanhã I



Hoje vou começar uma tentativa de deixar esse blog menos clichê. Tudo bem que de vez em quando eu fico de TPM ou dor de cotovelo e descarrego meus sentimentos de mulher-zinha desamparada. Mas é o fim (ou o começo dele). Porque ninguém está mesmo interes-sado nas coisas que eu escrevo. (Eu também nunca mostrei esse blog pra ninguém).

Hoje vou devagar uma das minhas maiores irritações como jornalista. Odeio quando al-guém pede para ler a matéria antes de publicar. Acho que deve ser o mesmo que pedir para o cantor do bar mandar “um parabéns à você”. Faço, mas com muito desagrado.

Um dia desses entrevistei um artista plástico. Matéria ao estilo perfil – nome, ida-de, profissão, o que mais gosta de fazer, o que pensa do mundo, se deseja a paz mun-dial. No final da entrevista ele me pediu para ler. Antes de responder perguntei se ele havia tido algum problema com jornalistas. Ele disse “não”. Nesse dia encaminhei o material. Não sei se ele achou bom ou ruim, porque ele não se deu ao trabalho de responder.

Li recentemente uma entrevista na Folha de São Paulo com a atriz Luana Piovani. An-tes da conversa a assessoria de imprensa dela impôs as seguintes condições: - ela da-ria a entrevista de cinco minutos durante uma seção de massagem capilar; ela também exigia uma cópia de todas as anotações do jornalista. O repórter levou dois grava-dores e deu uma das fitas para atriz. Percebendo que não era conversa “ti-ti-ti” a artista também permitiu que o papo prolongasse até uns 40 minutos e a matéria ficou bem legal.

Evidentemente que a Luana Piovani já deve ter lido inúmeras vezes suas frases distor-cidas em capas de revista de fofocas. Não tiro o mérito imaginário desses falsários. Assim eles vivem – vendendo o “ibope” de alguém. E acho que a Luana Piovani foi bem espertinha ao pedir a cópia da entrevista, assim ela tinha ao pé da letra o que fa-lou para o jornalista.

Acho legal receber críticas, mas algumas fontes são muito exageradas. Não dá pra tra-duzir tudo ao pé da letra. É preciso achar sinônimos mais populares. Se a gente não nivelar por baixo pouca gente vai ler até a última linha. No mais, existem realmente profissionais picaretas e se “vc fonte” identificar algum deles, feche as portas e diga que não dá entrevista para mídia columbina.

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